terça-feira, novembro 29, 2011

antoine abi-azar era um libanês de 12 anos que dormia armado vendo urano inflamar os sóis da noite e ouvindo os estalos de gaia arrombada em cada falso fim que o poupava às vezes por acaso mas nunca por sorte

Ela me acorda de manhã, traz o café, pão, carapinhada, me acorda de novo, vai buscar minha pasta no carro,

me ofende em cada curva, em cada passo, todo cuidado que me dá, cada ato de cuidado, uma palavra cruel, cadafalso abre

aí mastigo o pão e sinto o café, e ouço o quanto sou horrível, e fui dormir sabendo, e acordei um pouco depois de ser lembrado, acordo para um acordo com ela, dismater, cadafalso abre

o cavalo vem e te acorda, continua a desmoralização que começou ontem, o cavalo vem e te arromba, um segundo antes de dormir eu engoli todo o meu ódio e pensei que ao acordar ela se arrependeria, ela acorda e te acorda, e te destrói desde o primeiro segundo em que abres os olhos para o dia que te odeia

ensinaste que dualidade não significa 2, mas 1, uma inflexível ambigüidade de toda ação, falsos ensinamentos para casos exemplares de cuidado (conteúdo) e o mais majestoso sarcasmo (forma), ensinamentos que trancam tudo e salada, cada falso ensinamento, cada falso tranca, cadafalso abre

a criança entende a ironia como sendo crueldade. a criança entende a ironia como crueldade. a criança entende a ironia cruel. a criança entende a ironia. a criança entende a crueldade. a cruel entende a criança como criancisse, a ironia que a criança jura não ter, a crueldade que a criança jura não ter, ela cruelmente entende a ironia cruel de só saber destruir e desorganizar,

ter provas empíricas de que se é tão ruim quanto as palavras proferidas sobre si
critérios de falseabilidade do quanto sou hediondo
energúmeno em 9 velocidades

, só me ensinaste isso, a criança é cruel, só sei fazer isso, a criança cruel entende nunca, e só vou fazer isso porque é isso que a mãezinha espera da criança, que irônico, que ela seja rica, saudável e cruel, que cruel.

Essa é a septuagésima nona forma diferente de te falar o quanto há raiva e desprezo em mim por mim. não dá pra dar razão pra Noite, porque ela é cruel e insana, e não há razão para mim, há apenas a insistente tendência à zona de conforto e a perpétua iminência de um ataque terrorista