pequeno sonho e pequena revelação
o açúcar não estava no pote de vidro, estava em outro, mas estava sem. eu avisava alguém: "ainda tem açúcar no pote de vidro!". fui verificar, era minha cozinha, mas não era na minha casa. estava tocando u2, eu estranhei. me perguntei por que haveria de tocar u2 naquele lugar, naquela hora. afinal, ninguém gostava disso. eu, no entanto, estava com vergonha de já ter gostado. talvez eu tenha dito que um dia gostei, para revelar logo meu pecado, talvez eu não tenha dito nada, por achar que não era importante. de qualquer forma, me incomodei ao ouvir u2, senti que estava voltando a ser adolescente, aquelas sensações autofágicas de fraqueza, querência, medo, tesão, culpa, falta. de repente, o u2 parou de tocar. tudo parou de ser perceptível, e eu fiquei meio que no espaço sideral, ou teria ficado, se tivesse um ponto central de consciência para poder 'estar' em algum lugar. a verdade é que não havia mais nada. tudo se havia derretido e apagado no processo de sensações adolescentes e não havia mais nada - nem escuridão, nem vazio, nem eu-no-nada - era um estado de 'nem-isso', era simplesmente nada mesmo.
ao acordar, descobri que realmente meu computador tocou u2. eu ainda estava com as sensações esquisitas de quando eu era adolescente. tive aquela primeira aflição temporal do dia, e reparei que 16 horas haviam se passado desde que eu dormi. a hilda me acordou, ou por estar sem ração, ou por perceber meu pesadelo.
não havia, em lugar algum, qualquer mensagem para mim, nem das que eu aguardava e nem das que eu não aguardava. antes de pensar em significados para isso, percebi que não há mensagem nenhuma no fato de não haver mensagem nenhuma.
e não há mensagem nenhuma no sonho, nem em qualquer significado da palavra 'mensagem'.
e também não há mensagem alguma nisso, aqui escrito.
nem uma, nem outra. nem isso, nem nada.
1 Comments:
Na dúvida entre dar uma de cuzão e falar "mas as últimas linhas são mentira" ou que o Episódio VII de Star Wars é meio uma bosta, fica por isso mesmo.
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