terça-feira, dezembro 15, 2015

domme nó

(ou: desejos dentro dos sonhos precisam ser cirurgicamente extraídos em 90% dos casos)

pensei que passaria mal, que nunca poderia
mas estava com vontade. agradeci alguma entidade por essa vontade, pois era forte.

eu rocei teu pescoço, tu pressionaste ele contra mim
respirei fundo, cada segundo gerava mais fome
semi-beijei, então de novo, e de novo, e lambi tua orelha
tu prendeste a respiração, boca entreaberta, olhos perdidamente fechados
demoramos pra encontrar nossas bocas, porque nossos pescoços e orelhas estavam ainda sob a luz direta do holofote de deus
quando nossas bocas se encontraram, sem língua para palavras, o laptop caiu
nos emaranhamos, foi um novelo esquisito de músculos apertando carne
lambi tudo o que eu achei, eu queria o sal da tua pele inteira
aí tu pegaste meus braços, seguraste forte
me imobilizaste

me senti uma bicicleta enquanto te esfregavas em mim
meus braços eram o guidão, minha cueca era o selim

então, de repente revelando se divertir com a clareza do meu tesão, riste das minhas tentativas de te alcançar com a boca; me provocaste com esquivas; não consegui te alcançar por mais de meio segundo.

(muito que bem)

eu quis ordenar que tu me batesse com a mão
(há algum jogo que acontece no mundo o tempo inteiro, envolve prazeres e poderes)
mas tu ordenaste que eu te comesse com o pau
(há também alguma exploração teológica deste jogo, envolve regras e liberdade, pensei)
sempre dá tempo de pensar umas coisas durante a missa