cheiro de camel na garrafa
(ou: lethobenthofobia)
estava eu conversando com um rapaz, muito bem apessoado, aliás, que puxou assunto comigo, gostou da minha roupa de bruxinha, e olha só que pequeno karma que essa história vai ser, te vi (reconheço teus trejeitos de longe), e, ali, do cantinho da minha visão, começaste a preencher os espaços com os teus movimentos, com as impossibilidades do teu corpo, é, de fato, és sempre bela, com qualquer roupa, qualquer cabelo, qualquer maquiagem, e foste ficando cada vez mais ao longo do tempo que te conheço, que ódio, não, não, parabéns, fico feliz de teres beleza, tenho um orgulho de historiador por ter visto cada pequena sensualidade se instalar no teu repertório corporal, um processo chamado desafloro dentro da ciência que eu fundei pra te estudar (hoje em dia há revisores que propõem a mudança do termo para desaforo).
não me reconheceste, graças aos véus, e resolvi te surpreender (saca só o pequeno karma): oi, tudo bem? ooi, tudo! nem me reconheceste, né, é, estava me perguntando quem era essa bruxinha conversando com o meu amigo, quê, ele é teu amigo? é! a gente mora junto, pqp, sério? sério! e aí mais nada. depois desse nada acontecer, me ofereceste uma garrafinha dágua que seguravas entre nós dois, e aquilo me soou tão súbito, eu não esperava, achei até carinhoso, não sei se erroneamente, mas quem se importa, nessa altura ninguém mais se importa, e eu nem estava com vontade, mas aceitei a garrafa, e até hoje tenho sede da água que me ofereceste.
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