terça-feira, dezembro 30, 2008

o Rei Áureo

A vaidade é a coisa mais frágil que o homem pode ter. É algo traiçoeiro, que cresce mesmo quando é ferida, podendo tornar-se algo gigantesco. Não acredito que haja outra coisa similar.


Nos tempos de infância havia, para mim, vilão dourado, homem-ganância, cobiça, vaidade, espelho. Eu não sabia ao certo o que eu tinha criado, não tinha noção do quanto isso seria interessante hoje, mas eu estava certo de que era um bom vilão. Nem ousava o usar muito, sempre tomei cuidado com coisas grandes. Depois houve o homem-ganância 2.0, o Rei Áureo, já nos tempos de vilões de lego (ano passado ou retrasado, por aí). Até hoje gosto dele, e penso seriamente em editá-lo e inserí-lo nos meus rpgs.

No rpg, ele seria a vaidade pura, não teria características humanas. Seria apenas uma representação corpórea da vaidade conceitual. É claro que, pelo bom andamento do rpg, as coisas não podem ser abordadas tão profundamente, mas eu poderia fazer uma associação com aquilo de fragilidade e crescimento. Seria interessante se ele tivesse essa coisa de vulnerabilidade e essa outra de crescer a cada ferimento. Uma associação rasa, é verdade, mas, se bem dirigida, frutífera. Como os jogadores enfrentariam um vilão assim? Como enfrentar a vaidade personificada num ciclope com pele de ouro que cresce a cada golpe recebido?

Eu tenho tentado aprofundar a experiência que o rpg proporciona, transformá-lo em algo grande, de peso, e não mais apenas aquela brincadeira que era antes. No entanto, a minha intenção não é dar aulas de filosofia, mudar a vida dos jogadores, mostrar coisas que eles não conheciam, contar histórias bem elaboradas ou colocar meus escassos conhecimentos sobre coisas estúpidas ao saber dos outros, pois essas seriam metas arrogantes e tolas. Minha intenção é tornar o rpg algo frutífero a eles, algo que sirva de diversão, mas que também faça-os maiores, mais completos, que faça-os dispor de mais recursos nos seus cotidianos. Quero, também, que isso aconteça de forma individual, que cada um cresça à sua maneira, ao seu entender. Essa é a minha escola de rpg.

"A minha escola de rpg"... Adoro o som que isso tem. Confesso que às vezes eu sonho que sou um cara famoso por ter mudado a história desse jogo, que é meu, de certa forma.

O rpg há de ser grande, o exterior é que o atola.