domingo, abril 08, 2018

diante dele se abria o dia mais difícil, até hoje, de todos. e ele o encarou da maneira mais corajosa, até hoje, de todas, que é não assumir maneira nenhuma. e eu o admirei por isso. e, mais uma vez, não revelei as dúvidas que vi por trás de sua máscara. porque, por mais que eu soubesse que aquela indiferença à dificuldade não era realmente indiferente, sabia, também, que na verdade tudo há de se tornar indiferente qualquer dia desses. daí, como se eu viesse do futuro, me calei em respeito ao meu amigo. calar sempre basta.

terça-feira, abril 03, 2018

a coisa mais solitária possível de se fazer na vida consiste numa alquimia de internet e punheta.
não porque seja algo necessariamente solitário, mas só de escrever sobre que punheta batemos, e em que lugar da internet, já é tão constrangedor, ou mais, quanto fazê-lo.
é a coisa que fazemos quando desistimos de interagir com os outros.
é a coisa que fazemos quando estamos mais sozinhos do que o próprio mundo.
é a coisa que permite reunir as forças para odiar e então desistir.
e, ainda assim, é coisa que depende de uma espécie de diálogo interno solitário, a troca das trocas.