qualquer coisa que não seja coisa tua

hoje eu não lamento nada, é só afeição e uma certa falta que eu sinto das nossas conversas. hoje eu prefiro que meu vega vença o sagat do lucas do que arranjar alguém pra pegar minha dst melancólica. hoje eu me despeço de uma fantasia crucial pro meu exoesqueleto, uma sem a qual fico meio broxa, meio oniromante, meio pré-símio.

por mais que haja motivos e sinais de coisas por vir, talvez até janelas, por mais que haja mensagens sobre coisas que não me dizem respeito mas que me agridem mesmo assim e parecem dedos enfiados na traquéia, por mais que o teu batom borre, foda-se, frase censurada, odeio essa história barata. hoje nenhuma lágrima vai cair enquanto ouço nossas músicas, porque hoje meu recalque impera: me finjo forte enquanto imagino que te finjas qualquer coisa; finjo ser qualquer coisa que não seja tua posse.

desinterpretar sinais

o grande problema da relação entre tristão e gertrudes é que, com apenas um gesto dela, ele volta 3 meses no tempo.

as bruxas são cronomantes, eis suas três verdades:

1- a juventude prevalece sobre a velhice, isso é natural

2- a juventude é a moeda com a qual a bruxa forja seus pactos

3- a juventude é a própria mana

o esforço para desinterpretar os sinais é o fundamento da abjuração da cronomancia

sonhando, sonhando, sonhando, sonhando, sonhando contigo

miga, sua bruxa, vira essa boca pra lá

A tua melhora perante minhas críticas, tenha isso alguma relação ou não, nunca foi, de fato, para a tua simples melhora. Era pra que melhorasses enquanto minha companhia, meu parceiro, meu familiar, extensão de mim. Que me importaria, Tristão, no fundo, que tu melhores apenas para ti? Que me importa teu caminho, teu tempo? Tu vives dizendo que nós nos relacionamos apenas com os fantasmas dos outros, então é hora de ver isso na prática. Me importaria se melhorasses o fantasma de Tristão que eu vejo, não o Tristão em si, que nunca me foi apresentado.

(de: gertrudes)