sexta-feira, dezembro 18, 2015

PRIMEIRA QUESTÃO

das coisas que nós nunca fizemos na cama (nem em lugar nenhum), escolha a que tu mais sentes saudades:

a) quando nos conhecemos, não quiseste deixar eu tirar a tua calcinha, eu quase furei ela, foi assim que te fiz gozar a primeira vez

b) quando fizemos um swing em curitiba com um casal de amigos que estava em lua de mel

c) quando levantei teu vestido preto e te comi atrás da igreja enquanto todo mundo achava que estavas no banheiro com piriri

d) quando gozei na tua cara

e) quando aceitaste brincar de dominação

f) quando eu usei tua calcinha

g) quando me disseste algo tão sensível que eu achei que me afogaria

quarta-feira, dezembro 16, 2015

língua-mãe

a conversa é uma fonte de angústia da mesma natureza que o sexo;
dificuldade de encaixar;
de pertencer;
é querer qualquer coisa; e qualquer coisa não servir;
talvez a gente não fale a mesma língua
carinho.jpg

resto de cheiro

(ou: experiências de campo sobre o amor não especificado)

em quantas posições diferentes tu consegues dormir? posições essas que me deixam em dúvida sobre o teu desejo. primeiro, não posso te tocar, até adormeceres, aí cais pra cima de mim, pernas, mãos e cara. tenho a nítida impressão de que te minimasturbaste enquanto dormias.

no meio da noite, sem poder te tocar, fico fitando tua nuca, lutando contra o sono. dou valor nessa ansiedade, ela é única. imagino o tempo todo que a qualquer momento vais te virar e me olhar, que eu tenho que estar acordado para isso, lança em punho.

eu não sei direito o que o fato a seguir significa, mas não consigo deixar de achar que ele seja defacto significativo. sempre que estou quase perdendo a luta contra o sono, já vendo meus devaneios impressos na tua nuca (como alguma pornografia onírica indecifrável), surge um súcubo; de ti; da noite; no meio da noite. eu esperei o dia inteiro por ele, mas ele sempre me pega desprevenido; acho que um pesadelo faz isso também, e eu gosto dos meus pesadelos; mas não era nenhum sonho, porque tinha aquilo que eles nunca têm, um tipo de realidade que derrama coisa quente, macia, molhada e com cheiro de café, cigarro e tesão na minha cara. é rápido pra tomar consciência disso, lança em punho, pronto, em punho, mas eu devia ter trazido escudo, porque o súcubo me atacou como uma onça selvagem, eu tentei me proteger, fingido, era só um rpgzinho, o que eu queria era ser sucubizado.

(acabei pensando que mesmo as pessoas que não assistem filmes pornô escrotos sabem agir como uma pornstar, sabem falar as coisas [não é difícil] de pornstar, com a mesma vulgaridade e dominância)

me perguntaste o que eu queria, eu queria ser bicicleta. exigi meu direito de ser bicicleta. me faz de bicicleta que nem da outra vez, ordenei isso, porque estava no poder, eu era teu senhor naqueles minutos.
como uma boa garota, me obedeceste, e daí pra frente eu não tive mais poder nenhum. fiz várias exigências, ignoraste todas, agiste como uma espécie de empresária capitalista que passa por cima de tudo pra ter o que quer. muito que bem, viu, de novo.

depois exigiste uma nova coisa para eu querer, e eu disse o que havia pensado e escrito antes, que queria chupar todo o sal da tua pele, mas tu discordaste de mim, não era isso o que eu queria, o que era, então? eu tinha que adivinhar, que eu te coma, né, é isso, não, não é, é que eu te foda, é isso, é isso, obrigado por entregares essas palavras tão lindas, elas são como carinhos no meu âmago, são profundamente místicas, porque me imergem em um oceano de signos que eu de repente me dei conta de que quero decifrar

não sei se foi por eu ter pensado muito sobre isso, se foi a falta de alimentação durante o dia inteiro, se foi por eu ter falado durante a noite algumas coisas sobre mim que não pretendia, se foi a camisinha escrota ou se foi algum motivo bizarro interessantíssimo (tirei a morte e o enforcado em posições ruins no tarot, tu tiraste os amantes em posição favorável, e isso seria mais verdadeiro se fosse ficção do que sendo o fato que é), mas acabei inebriado por alguma mística burra deliciosa, que teve resultados físicos; não tem problema se eu broxei, usei o resto; mas ainda não consegui te dar o que tu queres, do jeito que tu queres

continuei te olhando depois da saída do súcubo. de volta aos devaneios pornográficos que vejo na tua nuca quando eu estou quase dormindo. e aí, o milagre: alguém acendeu a luz no prédio da frente, essa luz atravessou a noite e penetrou a janela, te deixou toda prateadinha, eu quase quis te acordar para veres o quanto estavas mágica, meu pau ficou duríssimo, mas já não tinha uso

de manhã, te fiz café, te deixei na parada, te despediste com um beijo. sinto um amor não especificado por esses dias, por tudo, mas talvez tu nunca saibas disso.

terça-feira, dezembro 15, 2015

domme nó

(ou: desejos dentro dos sonhos precisam ser cirurgicamente extraídos em 90% dos casos)

pensei que passaria mal, que nunca poderia
mas estava com vontade. agradeci alguma entidade por essa vontade, pois era forte.

eu rocei teu pescoço, tu pressionaste ele contra mim
respirei fundo, cada segundo gerava mais fome
semi-beijei, então de novo, e de novo, e lambi tua orelha
tu prendeste a respiração, boca entreaberta, olhos perdidamente fechados
demoramos pra encontrar nossas bocas, porque nossos pescoços e orelhas estavam ainda sob a luz direta do holofote de deus
quando nossas bocas se encontraram, sem língua para palavras, o laptop caiu
nos emaranhamos, foi um novelo esquisito de músculos apertando carne
lambi tudo o que eu achei, eu queria o sal da tua pele inteira
aí tu pegaste meus braços, seguraste forte
me imobilizaste

me senti uma bicicleta enquanto te esfregavas em mim
meus braços eram o guidão, minha cueca era o selim

então, de repente revelando se divertir com a clareza do meu tesão, riste das minhas tentativas de te alcançar com a boca; me provocaste com esquivas; não consegui te alcançar por mais de meio segundo.

(muito que bem)

eu quis ordenar que tu me batesse com a mão
(há algum jogo que acontece no mundo o tempo inteiro, envolve prazeres e poderes)
mas tu ordenaste que eu te comesse com o pau
(há também alguma exploração teológica deste jogo, envolve regras e liberdade, pensei)
sempre dá tempo de pensar umas coisas durante a missa

domingo, dezembro 13, 2015

sobre as coisas que acontecem na minha cabeça quando eu me masturbo

(ou: história de uma punheta triste)

eu nunca te vejo, mas se visse
há todas essas palavras que eu gostaria de
eu não saberia o que dizer, não saberia
eu tentaria parecer bonito pra ti, mas eu sei que não sei, que vergonha

mas nos meus sonhos, eu atravesso a rua na tua direção
te chamo para comer pão de queijo, tu dizes "claro"
depois nada

o corpo é só uma coisa que a gente leva
só uma coisa que faz a gente ficar ou ir embora
mas as coisas que ele não leva, eu guardo
depois nada

me sinto sufocar quando aperto o pescoço do meu pau
durmo antes do cumshot
eu não saberia o que gozar, não saberia
depois sonho
ganho palavras, mas não uso
eu não gozaria o que dissesse

quinta-feira, dezembro 03, 2015

5:55

tantas vezes eu soltei; foguete; imaginando que você já vinha; ficava cá no meu canto; calado; ouvindo a barulheira que a saudade tinha.

senti na pele a mão do teu afeto; a brisa veio feito cana mole; doce, me roubou um beijo; flor de querer bem; tanta lembrança esse carinho trouxe; um beijo vale pelo que contém.

tantas vezes eu soltei; foguete; imaginando que você já vinha; ficava cá no meu canto; calado; ouvindo a barulheira que a saudade tinha.

tirei a renda da naftalina; forrei cama, cobri mesa; fiz uma cortina; varri a casa com vassoura fina.

você chegou no amiudar do dia; eu nunca mais senti tanta alegria; se eu soubesse soltava foguete; acendia uma fogueira; enchia o céu de balão.

nosso amor é tão bonito, tão sincero; feito festa de são joão; nosso amor é tão bonito, tão sincero; feito festa de são joão.

nos muros cobertos de folhas; lugares adormecidos pelo tempo; em outras passagens dessa vida; quando tiver mais coisas pra dizer; eu vou te encontrar nas torres de cento e trinta andares; por trás das malhas de vidro; caindo no esquecimento; num futuro que eu não sei se haverá; vou te escutar; nas finas antenas de metal; vou ver teus desenhos no jornal; um rosto distante se apagando; no meio da multidão.

vou te escutar nas finas antenas de metal, vou ver teus desenhos no jornal, um rosto distante se apagando, no meio da multidão.

a vida era, por um momento
não era dada, era emprestada
tudo é testamento