amigo, é importante te dizer: sobre os nossos amigos, os da época em que éramos, deles, amigos, sendo que hoje não somos, deles, amigos, no caso, porque nós, conosco, entre nós, sempre somos, amigos, no caso; e nem mais nem menos; somos simplesmente amigos. e não quero nem dizer que somos amigos como sempre fomos, porque não mais somos; mas somos amigos, como sempre, como fomos, ainda que outros amigos.
lembra daquele dia que varaste no meu rolê do nada? era um encontro dos antigos amigos da escola, e eu - obviamente - não fui, e tu - obviamente - foste. imagina só, tu, leitor, o quão diferente somos. mas não somos.
naquele dia tu me constrangeste, e me lembraste do meu passado, eu não queria, e de quem eu fui, eu não queria lembrar, mas só porque fui aquilo, sou isso, senão não seria, se fosse por escolha ou identificação, não seria, mas a verdade é que o traçado que tivemos que fazer é e será eternamente inescapável, por mais que se tente, e eu sempre tentarei, sempre tentarei, me recuso a desistir de esquecer do passado, de esquecer do passado, mas, se conseguisse, tentaria não esquecer de ti.
porque tu me lembras de tudo o que é inescapável.